quarta-feira, 9 de novembro de 2011

#3


Olá medo. Hoje apanhaste-me de surpresa. Ontem despediste-te e eu a pensar que não irias voltar, enganei-me, ou melhor, enganaste-me. E bem enganada! Garantiram-me que não irias visitar-me, de novo, mas eu mais uma vez abri-te a porta e não tive coragem suficiente para te expulsar. Vens com as mesmas companhias de sempre: o receio, o tremer, a tristeza. Vai-te embora e diz à certeza para voltar, diz à felicidade que lamento tê-la deixado escapar, ah e diz ao sentimento que o coração ainda é grande. Vai lá medo, não me atormentes mais, sabes bem que não gosto de te ter por perto, mas tu insistes em manter-te por cá... Eu já não te tinha dito que precisavas de férias?

O amor é o único que fica, que precisa de trabalhar forte e feio por este meu coração. Agora, diz-me, porque vieste? Vá, eu até sei a resposta, aquelas surpresas... Mas tu podias ser um bocadinho mais fraco e não vires, deixares-me ser eu a vencer desta vez. Eu sou forte, mas tu és teimoso, mando-te embora e tu não vais. Irritas-me!
Medo, espero que amanhã já não estejas. Sei que a cada segundo estás mais perto da porta, e que vai haver um segundo que vais estar fora e eu irei fechar-te a porta para sempre! Não preciso de ti, vai!
Adeus, medo. E lembra-te, eu sou mais forte, e vais-te arrepender de me teres vindo atormentar de novo!

terça-feira, 18 de outubro de 2011

#2

Tento evitar, a sério que tento. Esforço-me mas não é fácil. Ainda falo de ti; ainda chamo o teu nome; ainda pergunto por ti.
Confesso que foste o único que me fez verdadeiramente feliz, mas agora simplesmente desististe do teu objectivo. Contigo era tudo diferente, eu própria sentia-me mais leve. Não é de agora que sofro, já sofro há muito tempo. Sofro muito, mas escondo-o. Meu corpo está habituado, é como rotina. Mas tenho a dizer, que isto não alterou quase nada. O sofrimento permanece, e é como se eu estivesse em coma. Não sinto nada, já não me importo com nada, não ouço ninguém, não vejo nada. E não quero mais, neste momento, já não há nada a fazer. Mas gostava de viver, de abrir os olhos e andar, sorrir com sentimento.

#1

Somos o que nunca se preenche, os pedaçinhos que deixamos em aberto. Nunca poderemos saber o que nos habita. Permaneceremos, para sempre, estranhos para nós e em nós. Somos feitos daquilo que não nos define.